Os custos com serviços e produtos de todos os tipos subiram consideravelmente nos últimos anos. No setor de transportes, não foi diferente, especialmente quando se fala no consumo de combustível, que hoje é o maior custo nessas operações.
Por isso, transportadores e montadoras têm tentado economizar cada gota de combustível, a fim de aumentar o lucro final. Foi assim que surgiu uma tecnologia que imita uma operação antiga dos caminhoneiros, a famosa “banguela”.
Nos caminhões mais antigos, com câmbio manual, os motoristas usavam um artifício conhecido como banguela. Em declives longos, o motorista mudava a posição da alavanca de transmissão para o neutro – ou ponto morto – a fim de economizar combustível.
Nos declives, a força da gravidade se encarregava de manter o caminhão rodando enquanto o motor estava em marcha lenta, mesmo em altas velocidades.
Apesar da economia, o sistema apresentava riscos, principalmente de falta de freios e redução do controle do motorista sobre o veículo. Além disso, os freios do caminhão poderiam ser mais exigidos em várias situações pela falta do freio motor.
Com o tempo, a prática acabou até sendo desaconselhada por causa dos riscos e porque o motor continuava a queimar combustível mesmo em marcha lenta. Mas, nos últimos anos, as montadoras de caminhões redescobriram a banguela em modelos mais tecnológicos e equipados com transmissões automatizadas.
Nesses veículos mais modernos, a banguela é eletrônica. O caminhão usa informações de GPS e dados de mapas topográficos para fazer uma leitura precisa da estrada. Sabendo onde está, o caminhão consegue executar a banguela de forma extremamente precisa e controlada. Precisa porque a tecnologia desacopla e refaz o acoplamento das marchas de forma extremamente rápida, evitando que o motorista perca o tempo do engate da marcha, como acontecia em caminhões antigos. E controlada porque o motorista ainda domina a tecnologia. Qualquer toque no freio ou no acelerador faz o caminhão reacoplar a marcha correta de maneira quase instantânea.
Porém, do mesmo jeito que o “jeitinho” antigo, a banguela eletrônica ainda mantém o motor funcionando e consumindo combustível. Com isso, o motor gasta cerca de 3 litros por hora em marcha lenta. Considerando um bitrem gastando cerca de 1 litro de diesel a cada dois quilômetros rodados, sem o sistema, o caminhão consumiria cerca de 40 litros para ser conduzido por uma hora.
No final das contas, a economia é pequena, uma média de 2%, a depender do tipo de operação que o caminhão faz, mas, no fim da vida útil do modelo, pode fazer uma enorme diferença no bolso do proprietário.