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Por que não se fabricam mais caminhões bicudos no Brasil?

Com apenas uma exceção, o Mercedes-Benz Atron 1935, nenhum outro caminhão bicudo, com a cabine posicionada atrás do motor, é fabricado no Brasil. Essa configuração se tornou praticamente um padrão no país desde 1960 até 2006, quando uma mudança na legislação alterou o sistema de medida dos veículos de carga no país.

Atualmente, o tamanho dos caminhões no país é regido pela Resolução 210 do Contran, publicada em 2006, que permite comprimentos de até 30 metros para rodotrens, 18,60 metros para cavalos-mecânicos com um reboque, 19,80 metros para bitrens e assim vai. Só que essa resolução mede os caminhões de para-choque a para-choque, e isso acabou com a produção dos bicudos no país.

Isso se dá por um motivo específico: espaço para a carga. Quanto mais curta a cabine, mais carga vai sobre o chassi do veículo, diferente de países como os Estados Unidos, onde o implemento é medido separado da cabine, dando liberdade para verdadeiros gigantes sobre rodas.

Mas apesar de serem produzidos aqui apenas caminhões cara-chata, com a cabine posicionada sobre o motor, esses caminhões têm cabines maiores, mais confortáveis, seguras e com melhor aerodinâmica, em comparação a muitos caminhões bicudos que eram fabricados até 2006 no Brasil.

Isso se dá pelo emprego de tecnologia na construção dos caminhões.

Mesmo assim, os caminhões bicudos são unanimidade no gosto dos caminhoneiros, que preferem caminhões antigos com um longo nariz sobre o motor a um caminhão novo cara chata.

O mesmo acontece fora do Brasil, em países com legislação semelhante à nossa, como é o caso da Europa. Lá, os caminhões bicudos também foram extintos, mas o gosto dos caminhoneiros e empresários não mudou. Tanto que muitas empresas investem pesado na conversão de caminhões cara-chata novos em caminhões bicudos.

Uma das empresas mais famosas nesse quesito é a Vlastuin Truckopbouw, que sempre faz esse tipo de conversão na Holanda. Muitos caminhões bicudos já foram construídos pela empresa. É o caso desse Scania S730T, que ganhou um imponente capô e mantém as linhas da nova geração Scania no design.

E lá na Europa, a legislação também vai permitir a volta de caminhões bicudos. Visando um aumento da segurança, aerodinâmica e eficiência dos veículos, o Parlamento Europeu aprovou em março deste ano uma resolução que permite que as montadoras desenvolvam novos caminhões bicudos, mas com capôs de apenas 90 cm de comprimento máximo.

Agora é esperar para ver os caminhões que serão lançados pelas montadoras na Europa, e torcer para que os bicudos voltem ao Brasil.

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